sábado, 18 de julho de 2009

Figura reclinada em duas partes-Henry Moore


A escultura moderna iniciou seu ciclo em Picasso e Henry Moore e fechou nesses mesmos artistas. Picasso provou que era possível realizar uma ideia sem precisar alterá-la. Inverteu a relação entre espaço e a matéria, de tal forma que suas esculturas de ferro mais pareciam desenhos tridimensionais. Alexander Calder conseguiu com o movimento dar leveza e suavidade às suas peças, já o mestre espanhol apostou no estático e conseguiu o mesmo resultado. Henry Moore tomou outra direção. Não se preocupou em tirar a massa de suas obras, pelo contrário, apostou nas formas gigantes. Suas construções eram inspiradas em titãs tais como árvores gigantescas e o maior animal terrestre, o elefante. Mesmo assim suas esculturas passam uma ideia de cálida ternura. Parece perfeitamente normal olharmos uma massa de cinco metros em bronze sobre um belo gramado. É tão aceitável quanto as ovelhas pastando ao seu lado. A questão é que Moore não deixou a monumentalidade interferir no resultado estético. O escultor inglês deixou ainda um legado importante. Talvez mais que a grandeza de suas esculturas. Ele provou que por mais que fragmentasse a figura, jamais desmembraria a sua ideia inicial. A maioria dos escultores modernos passou a enxugar as formas até a abstração total. Isso fez com que a figura deixasse de existir dando a impressão de que a peça final em nada lembrasse a original. Tanto que a escultura abstrata chegou ao ponto de não necessitar mais da realidade. Henry Moore manteve a figura intacta. No invés de abstraí-la, dividiu-a em duas, três ou mais partes. Entretanto a ideia original permaneceu perfeitamente identificável. Enquanto o cubismo fragmentava o conteúdo das telas sem a preocupação que o resultado fosse identificado, Moore permaneceu fiel ao figurativo criando uma escultura descritiva. Figura reclinada, na foto, é sem dúvida a sua peça mais representativa nessa linguagem. Talvez tenha sido a sua obra mais repetida em diversas posições e tamanhos. Partiu de figuras inteiras até chegar em pequenas partículas, depois remontou-a diversas vezes até definir quantas e quais seriam as obras construídas.


Henry Moore influenciou várias gerações de escultores. Talvez tenha sido o mais inspirador para artistas ocidentais. A verdade é que ele abriu caminhos importantes para quem iniciava o estudo de escultura nos anos cinquenta e sessenta. Facilitou em muito a comprensão da estilização aplicada à realidade. Os monumentos passaram a ter uma função alusiva e ao mesmo tempo passando uma mensagem clara sem ser direta. As peças em praças, parques e edifícios públicos podiam descrever uma alegoria de forma poética sem que fossem necessárias as figuras reais dos personagens.


Tudo isso devemos a Henry Moore, o mestre do gigantismo.

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