quinta-feira, 23 de abril de 2009

Abstrato II - Mármore de Carrara


Não esculpi muitos abstratos. Em várias ocasiões me detive ainda no começo da obra.

Não foram poucas as vezes que concluí que a pedra seria melhor aproveitada num figurativo.

Parece estranho um escultor escrever isso. Mas acontece mais do que se imagina.

Nem sempre o abstrato obedece um planejamento, ao contrário do figurativo que quase sempre depende de um modelo. O abstrato é mais intuitivo, inspirado e por isso mais espontâneo. Essa espontaneidade se transforma em arte mais rapidamente que o planejamento do figurativo. Nem sempre o figurativo é "arte". Por outro lado, o abstrato sempre remete o espectador para um lugar que eu costumo chamar de "entre a dúvida e a incerteza". Poucos se sentem seguros para criticar um abstrato, por mais desengonçado que ele pareça. Quanto ao figurativo, "o pau desce".


Bem, eu me sinto seguro no figurativo, bem mais do que no improvável, indecifrável abstrato.

Fiquei com a frase da Martha Von Maders martelando minha cabeça. "Amo o abstrato. Sempre revela o que queremos". É, as coisas mudam. Vou olhar os meus abstratos com mais carinho.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Abstrato. Mármore


Gosto do abstrato.

Por que? Condensa o figurativo.

Engraçado, eu sempre procuro uma imagem dentro do abstrato.

Mas abstrato é isso, não tem figuras e nem imagens.

Uma vez vi uma pintura abstrata. O autor colocou um título bem interessante.

Chamava-se; "A lagarta voadora". Estou até hoje procurando a lagarta naquela pintura. Vai ver ela já havia voado e ninguém percebeu.

Por essas e outras que eu esculpi esse abstrato e coloquei um título bem sugestivo. "Cabeça de Fauno". Para resolver o problema que encontrei com a lagarta, decidi colocar essa cabeça numa outra peça também abstrata. Ainda bem que não tenho foto dela.