quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Desconstrução vegetal-Instalação 1995


Em tempos de Bienal do Mercosul voltamos quase que de forma clandestina, a refutar as obras contemporâneas.. Não frontalmente, mas há um ranço velado, se é que isso é possível, uma crítica descompromissada à contemporaneidade... Pessoalmente não tenho nada contra às obras de cunho conceitual, também nada me afeta as instalações..No entanto, sou obrigado a concordar com algumas broncas que tenho lido e ouvido por aí..

A instalação tem que obrigatoriamente obedecer alguns princípios básicos para que ela se caracterize..Estou falando em termos absolutamente "anticrítico" para que todo mundo entenda...Geralmente uma obra desse formato recebe uma franquia de espaço especialmente programada para ela, seja, o artista tem um limite espacial um pouco maior ou mais generoso que as outras manifestações.. Alguns entendidos afirmam que esse espaço não precisa ser ocupado em toda sua extensão.. Engano!! O espaço tem que ser ocupado SIM, nem que seja com mais espaço..Aí já começa a haver uma discussão que não tem nada a ver com a discussão que a própria instalação deve propor.

Então o espaço ocupado caracteriza a instalação, e esta tem que proporcionar ao espectador um direcionamento quanto à leitura.. Se o artista precisa de um tratado para explicar a sua obra, devo dizer que infelizmente ele fracassou...Há um procedimento muito utilizado ultimamente que é aquele do sujeito soltar por uma sala um milhão de coisas iguais.. Para isso ser uma obra legível, é necessária identificação dos objetos com a intenção do artista e um plano de leitura para que o espectador não corra o risco de olhar e não ver nada.

Infelizmente o que mais tem acontecido, é o cara escurecer uma sala e no fundo dela colocar um pequeno monitor com uma imagem repetitiva e um áudio chatíssimo...A primeira coisa que eu penso quando vejo isso é sair em busca do autor para que ele tente explicar a sua ideia...Nunca consigo fazer isso, mas também acho que não adiantaria.

Uma instalação "Desconstrução Vegetal" Na verdade a tentativa frustrada de reconstruír uma árvore.. Pelo menos foi essa a minha ideia.. Madeira torneada e as cascas da própria falecida...Esse o material que utilizei.. O formato obedece um planejamento prévio, que infelizmente não lembro mais qual é...

4 comentários:

Ana Echabe disse...

OLA
DEVO CONCORDAR COM VC RICARDO,
E O QUE VC COLOCA COMO TRATADO, DIGO,
MANUAL DE INSTRUÇÃO DA “OBRA”.
O QUE ME DEIXA INDIGNADA É PENSAR QUE ELES ESTÃO A BRINCAR COMO O NOSSO SENSO CRITICO, E O PIOR É VER O NUMERO QUE A CADA ANO AUMENTE DE PATROCINADOR E DIMINIU O NIVEL DE QUALIDADE DE TRABALHOS.
HUM,POLITICA, NÉ.
UM ESPAÇO COMO DO SANTANDER, SER UTILIZADO POR COMPLETO COM PROJEÇÕES DE TESTEMUNHOS, PALHETA DE CORES, GLOBOS DE DANCETERIAS, ENTRE OUTRAS BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS EM ADAPTAÇÕES COM A INFORMATICA, É DEMAIS PRA MIM E PARA OUTROS TANTOS QUE CIRCULAM PELOS ESPAÇOS PROPOSTOS, POR MIM, A TÃO ESPERADA BIENAL. E DIGO MAIS, ENCONTREI NÃO UMA, MAS VARIAS PESSOA, EM APENAS DOIS DIAS, QUE ME OLHARAM E COM UM IMPULSO FORTE ME DIZIAM
“ QUE PALHAÇADA; UM ABSURDO; VOU PEGAR OS VIDEOS LÁ DE CASA,...”
BEM POR AI SEGUIAM OS ELOGIOS.
BATEU-ME UMA SAUDADE DAS DUAS PRIMEIRAS BIENAL QUE ESTIVERAM AQUI. BEM ATÉ A TERCEIRA QUE VEM JÁ ANUNCIANDO A TRANSFORMAÇÃO DOS TEMPOS.
BEM VAMOS VENDO O QUE ACONTECE.
BJINHOS E UM ÓTIMO FINAL DE SEMANA PRA VC.

Cynthia Lopes disse...

Diante de vcs dois, o que dizer? Gostei muito do uso do espaço, das cores e de sua desconstrução, embora, muito ainda tenha que aprender sobre instalações. bjs

Ricardo Kersting disse...

Ana..
Estou duplamente feliz.. Primeiro com a tua visita e posterior acréscimo considerável em meu blog com o teu comentário...E também por encontrar uma pessoa com uma visão semelhante à minha, embora estejamos falando somente duma parcela ínfima que compõe esse universo chamado Arte.

Quanto ao espaço Santander, concordo contigo em todos os sentidos.. Chega a doer ver um espaço daqueles um local extra nobre com toda aquela iluminação natural, com aqueles vitrais magníficos, ou clarabóias como queiram, sendo "obscurecido" com tamanha falta de dignidade artística... Algumas obras não interferem como gostariam seus autores, elas atrapalham, obstruem e enfeiam os espaços...Essas manifestações exacerbadas já não têm mais lugar.. As obras podem ser contemporâneas claro que sim, tu mesma és uma artista contemporânea e sabes bem o que estou falando, podem chocar, questionar, mas isso não significa que as mesmas tenham que se assemelhar à porcarias...

Perdão Ana, " eu devia estar contente por ser um cidadão respeitado que"... recebeu a visita de uma colega tão talentosa...
Beijo e bom fim de semana...

Ricardo Kersting disse...

Oi Cynthia

Todos temos muito para aprender... Mas enquanto a arte ficar dividida em duas (isso no Brasil)por questões meramente "burocráticas" não teremos muito mais para fazer senão gostarmos ou não...
Beijos..