segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ideal da beleza.



O conceito da beleza foi construído pelos gregos em sua arte, principalmente a escultura. Nenhum outro povo em toda antiguidade conseguiu reunir tamanho número de obras onde a beleza era uma constante. Nos poemas homéricos, este conceito vincula-se ao resplandescente, ao brilhante e a beleza elevada ao máximo. A escultura é a ligação física dessa beleza homérica. Ela representa a ideia e o pensamento dos gregos em relação à uma grandeza transcedental e espiritual. Tudo na arte grega, se liga às manifestações do mundo ao seu redor. O conceito da beleza está envolvido em mistério, tanto quanto a luz, as cores, as dimensões das coisas, as proporções exatas e as qualidades táteis das obras. A beleza é tão divina quanto os próprios deuses, por isso é representada em muitos deles sob diversas formas.




Admirável, quanto o nascimento de Afrodite da espuma do mar. Tão atraente como Aurora que é perseguida pelo Dia, tal como Apolo persegue Dafne. Forte como Zeus lançando seus raios, delicada como Artemis quando anda pelas planícies sob o luar.




Se o mito resulta do esforço humano, ao ponto de criar os deuses, a beleza para os gregos é a mítica síntese da harmonia, da medida e da ordem da natureza. Para esses homens seria impossível criar harmonia limitando o belo. A beleza e a ordem caminhavam juntas, uma não poderia existir sem a outra. Não bastou criar a Democracia, era preciso que o conceito da beleza estivesse presente em cada gesto, cada selo, cada moeda até mesmo um simples pergaminho.




A antítese existia para os gregos. Era representada nas Gréias. Criaturas horrendas que nasciam velhas. Até hoje não se sabe qual era a função desses seres. Talvez servissem como uma lembrança, ou um aviso, de que a beleza é o ideal, porém a fealdade existe e deve ser contemplada.

2 comentários:

Helena Erthal disse...

Ricardo,
Belíssimo texto. Como vc bem falou o conceito de belo é muito discutível. O "belo" passa por várias nuances estéticas mas o que o legitima é o "feio'. A beleza é um dos fatores de dominação no mundo creio que desde as cavernas, mas ela desacompanhada de outras qualidades é efêmera e perde rapidamente seu efeito inebriante.
beijos
helena

Cynthia Lopes disse...

Sabe Ricardo, provavelmente, as Gréias serviam para lembrar os gregos dos escravos, base do seu regime democrático, serviam para lembrar aos gregos de que a beleza é finita e de que todos envelhecem, talvez por isso mesmo eles tenham crido num panteão de deuses absolutamente lindos; e talvez também as Gréias servissem para lembrar da morte!